Alberto Venâncio Filho

Projeto Andrews 90 anos

Entrevista com Alberto Venâncio Filho/Ex-aluno.

Rio de Janeiro, 17 de setembro de 2007

Entrevistadora Regina Hippolito

 

Onde e quando você nasceu?

 

AVF: Nasci no Rio de Janeiro em 1934.

 

Quem foram seus pais?

 

AVF: Meu pai era o professor Francisco Venâncio Filho, minha mãe também era professora, Emília Venâncio Filho. Eles eram muitos amigos da dona Alice Flexa Ribeiro.

 

Gostaria que você falasse um pouco sobre dona Alice.

 

AVF: Era uma pessoa maravilhosa. Foi minha madrinha de casamento. Dois dias depois que meu pai morreu, em 1946, ela foi à minha casa e disse a minha mãe que nós seriamos bolsistas até terminarmos o curso. Meu irmão estava no científico, mas eu estava no segundo ano ginasial e fiz todo o restante do curso como bolsista do Andrews.

 

Onde você fez seus primeiros estudos?

 

AVF: Minha mãe era professora do Colégio Bennett. Naquela época, os meninos só podiam estudar lá até a quarta série do primário. Depois, passei para o Colégio Aldrich, e quando esse colégio foi fechado, quase todo mundo passou para o Andrews.

 

Em que ano você entrou no Andrews?

 

AVF: Em 1945, quando fui fazer o primeiro ano ginasial.

 

Quais os professores do ginásio que mais se destacaram para você?

 

AVF: Do curso ginasial, a pessoa mais marcante foi o professor Ciro Augusto Pinto, de história. Ele era notável, muito elegante, dava aulas muito interessantes. Tinha a madame Jacobina, professora de Francês. Hoje falo e escrevo Francês muito bem, e nunca estudei em nenhum curso. Tinha também um professor excelente de literatura, José Vilas Novas. O professor Luis Ribeiro, de ciências. O Edgar Azevedo era um bom professor de geografia. O Motta Paes, professor de português, era chefe de disciplina, impunha muita autoridade. No curso clássico tinha o professor Luis Arnaldo (?), de português, o Martim Leite, de latim, e o professor Penna, que dava um curso de filosofia excelente para um curso clássico. Para fazer vestibular, o meu grupo só teve necessidade de tomar umas aulas de latim. Tínhamos uma base muito boa para fazer vestibular de direito.

 

Quem eram seus colegas do Andrews?

 

AVF: Do clássico o Alexandre Eulálio, que foi um grande escritor e que morreu muito cedo. Além dele, o Carlos Sechin de Mendonça, o Antonio José Faro.

 

Você acha que o colégio teve influência na escolha de sua profissão?

 

AVF: Não creio. Naquela época eu estava muito voltado para a diplomacia, e um amigo meu, Roberto Assunção, me arrumou um emprego. Eu me desiludi logo e achei que direito se aproximava mais dos meus interesses. Agora, o curso clássico do Andrews me deu uma base muito grande de estudos literários e culturais.

 

Você ainda mantém contato com alguns colegas do Andrews?

 

AVF: Mantenho contato com o Carlos Sechin, com a Sylvette Jacobina. Da minha turma do ginásio tinha um rapaz muito interessante, Carlos Antonio Bayton, que hoje é um grande psicanalista. Ele tem uma irmã, Brasília, casada com o Paulo Leite Martins, que foi governador de São Paulo. Há seis meses eu recebi uma circular do Andrews e falava no nome da Brasília, eu entrei em contato com ela e hoje estamos nos correspondendo.

 

Seus filhos estudaram no Andrews?

 

AVF: Meu filho começou no primeiro ano ginasial, teve um incidente e teve que sair, mas minhas duas filhas fizeram o curso todo no Andrews.

 

Você sentiu alguma diferença no ensino do colégio da sua época para a da suas filhas?

 

AVF: Talvez  não fosse igual  ao da  minha época, mas elas sempre tiveram boas notas. Tinha um aspecto engraçado: de vez em quando elas se queixavam do colégio, então eu propunha retirá-las de lá e elas não queriam de jeito nenhum.

 

Quando você se formou no Andrews?

 

AVF: Em 1951. Fiz vestibular para a Faculdade Nacional de Direito e me formei em 1956.

 

Como foi a sua entrada para a Academia Brasileira de Letras?

 

AVF: Este é um episódio engraçado. Quando eu tinha oito anos e meio, o presidente da Bolívia veio ao Brasil doar uma placa em homenagem a Euclides da Cunha à Academia Brasileira de Letras. Meu pai me levou lá, e aquilo ficou em minha cabeça. Então, comecei a ter muitos amigos acadêmicos, Marcos Rebelo, Francisco Barbosa, Ledo Ivo, que me falavam para entrar para a Academia. Quando morreu o Afonso Arinos, todo mundo dizia que o Ulisses Guimarães ou o Sobral Pinto iriam ser candidatos, mas ninguém se candidatou. Conversei com a família de Afonso Arinos e eles falaram para eu me candidatar. Também se candidatou o ministro do Supremo Tribunal Federal Paulo Brossard. Ele ficou em Brasília, olímpico, esperando que os votos chegassem; eu fui trabalhando os votos, com meus amigos, e fui eleito. Não tenho desonrado a Academia, tenho sido trabalhador.

 

Quando foi que o senhor entrou para a Academia?

 

AVF: Fui eleito em 1961 e tomei posse no ano seguinte.

 

Qual foi a importância do colégio Andrews na sua vida?

 

AVF: Tive no colégio uma formação intelectual muito boa e princípios morais muito rígidos. Devo muito ao colégio Andrews. Isso mistura um pouco a relação que tinha com a dona Alice. Meu pai morreu quando eu tinha 12 anos e dona Alice praticamente nos apadrinhou. Ela nos convidava para jantar e nos ensinava os modos na mesa, a escolha de vinhos e as comidas. Era uma figura realmente maravilhosa. A Verinha tem muito o jeito dela. As informações que tenho do Curso Andrews é que ele se transformou em 1937/38 em Colégio Andrews, com a autorização do Conselho Nacional de Educação. Era membro do Conselho o padre Leonel Franca, que tentou criar dificuldades em vista da comparação com os outros colégios católicos. Nessa época também era membro desse conselho Luis Camilo de Oliveira Neto, historiador, ex-diretor da Fundação Casa de Rui Barbosa, que se esforçou para conseguir a autorização para o Andrews. 

 

Muito obrigada Alberto por seu depoimento.


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