Jacqueline Finkelstein

Projeto Andrews 90 anos

Entrevista com Jacqueline Finkelstein

Rio de Janeiro, 8 de novembro de 2007

Entrevistadora Regina Hippolito

 

Onde e quando você nasceu?

 

JF: Nasci no Rio de Janeiro em 1953. Quando pequena morei na Glória, no Leblon e depois em Botafogo.

 

Quem foram seus pais?

 

JF: Lucien e Maria Luísa Ângelo Pires. Meu pai era joalheiro e minha mãe era do lar.

 

Onde você fez seus primeiros estudos?

 

JF: Eu fui matriculada em um colégio ortodoxo, nós somos de descendência judia. Fiquei um ano lá. Foi uma experiência muito negativa. No final do primeiro ano, meus pais decidiram que não seria essa a educação que eles queriam para mim e meu irmão. Eles então escolheram o Colégio Andrews, que ficava ao lado da minha casa.

 

Quando você entrou no Andrews?

 

JF: Entrei no pré-primário, que ainda funcionava na Praia de Botafogo, depois fomos para a Visconde de Silva, para o primeiro ano primário. Eu fui da primeira turma da Visconde. Isso deve ter sido em 1959 ou 1960.

 

Como era a Visconde de Silva?

 

JF: Era uma casa deliciosa, eu adorava. Era como você estivesse no meio do mato, em um lugar bem tranquilo, calmo, tinha muito verde, era um espaço muito bonito.

 

E dos professores, você se lembra?

 

JF: Lembro bem da dona Rosa, que foi minha professora durante os três primeiros anos de Primário. Teve a dona Olga, ela era maravilhosa. Fiz lá até o Admissão. No primeiro Ginásio nós fomos para a Praia de Botafogo.

 

Você se lembra dos professores do Ginásio?

 

JF: Lembro do professor Osmar, que tomava conta de nós. Lembro do Alair, que era um professor de Matemática maravilhoso, ele tinha uma paciência enorme comigo, pois eu era péssima aluna. Tinha a Mrs. Mary, de Inglês, e a dona Julieta, de Música, cujas aulas eram divertidíssimas.

 

Você depois fez Clássico ou Científico?

 

JF: Depois do Ginásio eu saí do Andrews e fui para o Colégio Bennett fazer instituto técnico. Eu me formei como professora de jardim de infância, e lá era o único local que tinha esse curso específico.

 

Quando você se formou?

 

JF: Antes de terminar o instituto técnico, me casei. Depois fiz vestibular para Belas Artes, comecei o curso, mas me mudei para São Paulo, onde tive meus dois filhos. Voltei para o Rio e não dei continuidade ao curso. Fui fazer Museologia na Unirio depois que me separei, eu tinha 38 ou 39 anos. Formei e comecei a trabalhar no museu da coleção particular de meu pai.

 

E seus colegas do Andrews, você ainda mantém algum contato?

 

JF: Em 2006 aconteceu uma coisa maravilhosa, que foi um reencontro muito especial. Por um acaso, minha amiga Evelyn se encontrou com outra amiga, Dominique Zander, e começamos a juntar os nomes e telefones das colegas do Andrews e promover o reencontro da turma. Nos vemos praticamente todos os meses.

 

Qual foi a importância do Colégio Andrews em sua vida?

 

JF: Em primeiro lugar foi um colégio que me acolheu de uma maneira muito positiva, parecida com a maneira que eu era educada em casa. Acho, também, que foi muito importante pela educação primorosa, por uma cultura geral que me abriu a cabeça.

 

De uns tempos para cá muitas escolas fecharam. O que você acha que o Andrews tem que está resistindo ao tempo e vai fazer 90 anos em 2008?

 

JF: Acho que é a solidez. A base boa que eles têm para educar. E o trabalho sério que foi desenvolvido ao longo desses anos todos.

 

Tem algum fato engraçado ou curioso que ficou marcado para você dessa época do colégio?

 

JF: Eu me lembro que todos os dias formávamos em frente à bandeira do Brasil e cantávamos o Hino Nacional. Outra coisa que ficou marcada foram as inúmeras festinhas que fazíamos com os amigos do colégio, era um convívio muito gostoso. Lembro também do festival de música, estávamos no terceiro ou quarto ano ginasial, e eu e a Evelyn compusemos uma música. Foi algo  inesquecível.

 

Você quer acrescentar alguma coisa?

 

JF: Meu tio, irmão da minha mãe, também foi do Andrews. E foi por isso que meus pais pensaram em nos colocar lá.

 

Muito obrigada pelo seu depoimento.