Paulo Eduardo Ferreira

Projeto Andrews 90 anos

Entrevista com Paulo Eduardo Ferreira/Professor

Rio de Janeiro, 23 de agosto de 2007

Entrevistadora Regina Hippolito

 

Onde e quando você nasceu?

 

PEF: Nasci no Rio de Janeiro em 1946.

 

Quem foram seus pais?

 

PEF: Meu pai faleceu quando eu tinha sete anos. Fui criado pela minha mãe, que também criou mais três irmãs, nós éramos quatro.

 

Onde você fez seus primeiros estudos?

 

PEF: No Colégio São Bento. Fui do internato, fiz o Ginasial e o Científico.

 

Qual faculdade você cursou?

 

PEF: Fiz Química na UFRJ e me formei em 1970, fiz licenciatura. Nessa época eu já dava aula porque tinha autorização da Secretaria de Educação.

 

Qual foi seu primeiro emprego?

 

PEF: Foi um cursinho pré-vestibular CPS, que nem existe mais. Logo depois a Penha Jacobina me convidou para trabalhar no Andrews. Ela tinha sido minha professora no Instituto de Química da UFRJ. Para mim, foi o maior incentivo. Ela era um ícone dos professores de Química do Rio de Janeiro.

 

Em que ano você entrou no Colégio Andrews?

 

PEF: Em 1972. Houve uma divisão das turmas. Quatro eram minhas e quatro da Penha. Como eu ia dar aula junto com ela, então tinha que estudar muito. Graças a isso eu passei nos concursos do estado. Hoje estou aposentado pelo estado, pelo Pedro II e pelo INSS. Eu tinha um ideal que era tentar ficar igual à Penha.

 

Quais turmas você pegou no Andrews?

 

PEF: Turmas de primeiro e segundo Científico. Meu apelido de Paulinho ficou porque tinha o Paulo na portaria, tinha o Paulo Azevedo e mais um. Quando eu entrei no Andrews eu tinha 58 quilos, então fui apelidado de Paulinho. Isso ficou até hoje, apesar dos meus 100 quilos.

 

Quanto tempo você ficou no Andrews?

 

PEF: Fiquei de 1972 a 1987. Me chateei com um entrevero e saí, mas me arrependi e voltei. Então, houve um problema de horário e fui obrigado a sair. Eu tenho orgulho de dizer que sai do Andrews, nunca fui mandado embora. Eu achava a Direção do Andrews muito digna.

 

Como foi seu relacionamento com a Direção, você pegou diferentes Diretores no Andrews?

 

PEF: Peguei o doutor Carlos.

 

Seus filhos estudaram no Andrews?

 

PEF: Foram alfabetizados no Andrews e depois passaram para o Colégio de Aplicação.

 

Quem de seus alunos você se lembra?

 

PEF: O Pedro Augusto foi meu aluno, ele foi da turma da filha do Nelson Carneiro, a Laura Carneiro. Lembro-me do Bernardinho que foi da turma de 1974, da Ana Carolina que é artista, da Teresa Seiblitz, da Vera Gimenez, o Daniel Tabak que hoje é do Hospital do Câncer. Foram alunos muitos bons, eram muitos, aprendi muito com eles. Houve uma turma de terceiro ano em 1974 em que alguns alunos fizeram concurso para o IME e quatro passaram. Era muito bom o ensino, muito rígido. Tínhamos um coordenador que era muito severo, o Motta Paes, mas ele era maravilhoso.

 

Como era o seu relacionamento com os colegas no Andrews?

 

PEF: No Andrews, em 1972, nós éramos muito unidos, tanto é que até hoje nós convivemos, um convida outro para o casamento do filho. Era uma convivência muito sadia até porque não havia antagonismo.

 

Você destaca algum elemento na Orientação Pedagógica do Andrews que era diferente de outros colégios?

 

PEF: Eu me lembro da Maísa, que era filha do diretor eterno do Liceu de  Artes e Ofícios. Eu gostava muito dela. Não me lembro do sobrenome, ela tinha uma irmã chamada Wilma, que também é orientadora.

 

Você acha que o professor tinha total liberdade de montar seus cursos?

 

PEF: Naquela época tinha muita. A relação candidato vaga era pequena, todo mundo queria colocar filho no Andrews. Em 1972, ainda havia preconceito, as meninas iam pra o colégio de freiras e os meninos para os colégios de padre, o Andrews era o único colégio misto e que aceitava filhos de pais separados. No Andrews também tinha a colônia judaica, que era muito forte. Quando eu entrei no Andrews, havia 12 turmas de primeiro ano e oito de segundo ano. O terceiro ano funcionava em Copacabana.

 

Qual foi a importância do Andrews na sua vida?

 

PEF: No Andrews eu pude progredir profissionalmente porque eu estava em um meio onde os professores tinham sido meus professores na universidade, inclusive o professor de Matemática tinha sido meu Diretor no Fundão. O Paulo Muniz me influenciou muito, gostava muito dele, era uma pessoa muito delicada, educada, calma e tranquila.

 

De uns tempos para cá muitas escolas fecharam, o que você acha que o Andrews tem que resistiu ao tempo e vai fazer 90 anos em 2008?

 

PEF: Tradição, muitos alunos do Andrews botam filho lá. A posição dele na Visconde de Silva é excelente. Se continuasse na Praia de Botafogo, não teria essa chance.

 

Quer acrescentar alguma coisa?

 

PEF: Todo o rumo da minha vida foi dado pelo Andrews. Eu queria agradecer ao doutor Carlos. Eu gostava muito dele, ele era muito elegante. E ao Edgar, ele sempre foi muito simpático comigo. Foi uma época muito boa. Eu nunca perdi o convívio, sempre que vou ao Andrews sou muito bem recebido. Eu me lembro muito do Ari Sette, eu também gostava muito, ele me adorava; do Artur Sette também, a filha dele foi minha aluna. Eu gostava muito dessa turma toda porque era um pessoal muito sincero. Tinha também o Jorge, professor de Moral e Cívica, o professor Maia de Biologia, o Hebert, que era uma pessoa que estava 50 anos na nossa frente, ele era muito legal. O Vitor Nótrica, que foi meu patrão no Miguel Couto, era uma pessoa muito sincera, eu adorava. O Edgar Cabral de Menezes, que tinha sido meu professor na faculdade de Química. Era uma turma muito boa. Era uma amizade muito sincera, tanto é que até hoje eu convivo com eles. Foi um marco na minha vida, acho que a maior sorte que eu dei foi pegar um colégio com o naipe do Andrews naquela época, logo que saí da faculdade. Foi pela Penha. Ela é a minha heroína.

 

Muito obrigada, Paulinho, pelo seu depoimento.

 


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