Risoleta Gordilho Lopes da Silva

ENTREVISTA COM RISOLETA GORDILHO LOPES DA SILVA (NOME DE CASADA: RISOLETA LOPES DA SILVA DOS SANTOS CARVALHO)

EX-ALUNA, MÃE E AVÓ DE EX-DE ALUNOS, BISAVÓ DAS ALUNAS LUISA E JOANA LIMA SURERUS DE CARVALHO.

 

Trajetória no Andrews

Mrs. Andrews foi vizinha de meus pais, me conheceu pequena. Eu entrei no Andrews no 1º ano ginasial. Peguei a época da reforma do ensino: eram cinco anos de curso ginasial, e com a reforma passaram a ser quatro anos, desmembrando a etapa seguinte entre os cursos clássico e científico. Eu fui para o clássico. Ou seja, entrei no colégio no início dos anos 1940, fiz o ginásio, depois fui para o clássico, cursei mais três anos, e me formei em 1946.

Meu marido, Paulo dos Santos Carvalho, também estudou no Andrews. Ele fazia o curso complementar, na parte da manhã, e eu era do ginásio, na parte da tarde. Mas não nos conhecemos no Andrews, foi uma coincidência.

 

Contato com ex-colegas

Até hoje as colegas do Andrews são as minhas melhores amigas. Uma delas é a Lúcia Cid Loureiro Guimarães. Ela, o marido, eu e meu marido, nós quatro éramos muito amigos. Fomos padrinhos de uma de suas filhas, e sua irmã, Marilena Cid Loureiro, que era uma turma abaixo da nossa, foi minha madrinha de casamento. Outra grande amiga é a Vera Fernandes, que, depois que casou, passou a se chamar Vera Mota.

Foi uma época muito boa.

 

Por que escolheu o Andrews para as filhas

Minha filha mais velha, Maria Cristina, estudou em um colégio na rua Prudente de Moraes. Depois, meu marido matriculou nossas duas filhas em um colégio religioso em Ipanema. Mas eu me impus, e disse que quando terminassem o curso primário elas viriam para o Andrews.

 

Importância do Andrews na sua vida

Quase toda a minha família foi do Andrews. Meus primos estudaram no colégio.

Minha mãe estudou na Alemanha, em colégio interno, e meu pai na Bélgica. O ensino era muito rígido. Sendo a Mrs. Andrews vizinha de meus pais, e muito amiga deles, eu fui para o Andrews. Foi uma amizade muito forte.

 

Andrews pensa diferente / faz diferença

É uma educação aberta. Eu achava isso muito bom, tanto para mim quanto para minhas filhas. Na época, tinha amigas que eram de outros colégios e estranhavam o fato de o Andrews ser um colégio misto. Mas os rapazes do Andrews eram bons colegas.

Napoleão Muniz Freire me ajudou muito. Ele faleceu com quarenta e poucos anos, de infarto, formou-se muito cedo em Engenharia, foi realmente um aluno excelente, era meu colega desde o ginásio. Tinha também o Jorge Azevedo, que é parente da família Flexa Ribeiro, e o Luís Carlos Gilmar. Das meninas, lembro muito da Raquel Fignar, que foi excelente aluna, e da Marília Macedo, cujos irmãos também foram do Andrews. Tive professores ótimos. O professor de Francês no ginásio era o Penido; Madame Jacobina era do clássico.

 

O que fez o Andrews chegar aos 100 anos

A boa instrução, bons professores, ótimos diretores. Só tenho coisas boas a dizer sobre o colégio.

 

Andrews do amanhã

Deverá ser um colégio ligado ao mundo de hoje, mostrando a abertura que existe hoje para essas crianças.

 

Fatos marcantes e lembranças

Nós jogávamos voleibol e participávamos de desfiles, no tempo do Getúlio Vargas (ele nos fazia acordar às cinco da manhã e aparecia à tarde). Desfilávamos empunhando a bandeira do Brasil e a bandeira do Andrews.

Eu vinha de bonde para o colégio. Certa vez, ao atravessar a rua, havia uma obra na Praia de Botafogo, em frente ao colégio, eu não vi e fui atropelada. Não foi coisa grande, o Praxedes, que era o porteiro, me ajudou. O Napoleão Muniz Freire, que era o meu melhor amigo, também me ajudou muito. Ele dizia que era melhor eu ir para casa, mas eu decidi assistir as aulas até o fim, pois faltavam apenas dois meses para a formatura. Valeu o esforço.

A maioria das moças iam para o Colégio Jacobina. Quando eu vinha no bonde, sentia que elas estavam me isolando, por ser de um colégio misto. Mas havia uma moça do Jacobina cujo pai era muito amigo do meu pai. Então, quando havia festas em sua casa, eu dançava a festa toda com os meus colegas, e eram elas que ficavam isoladas.