Sérgio Nogueira

Projeto Andrews 90 anos

Entrevista com Sérgio Nogueira/Professor

Rio de Janeiro, 1 de junho de 2007

Entrevistadora Regina Hippolito

 

Onde e quando nasceu e onde estudou?

 

SN: Nasci em Porto Alegre em 1950. Estudei Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde me formei em 1972. Vim para o Rio de Janeiro em 1973 para fazer o mestrado em língua portuguesa na PUC. Fiquei no Rio até hoje.

 

Qual foi o seu primeiro contato com o Colégio Andrews?

SN: Comecei no Andrews em 1978, no ano em que terminei o mestrado. Fiquei durante vinte e poucos anos.

 

Como foi a sua entrada no colégio?

 

SN: Fui chamado pelo Edgar Cabral de Menezes, que era o coordenador. Na época eu era professor do Colégio Santo Agostinho. Devo ter sido indicado por algum professor que trabalhava nos dois colégios.

 

Em que turmas você dava aula?

 

SN: Sempre no terceiro ano. Trabalhei a minha vida inteira só no preparatório, no vestibular. Eu sempre trabalhei no Humaitá. Só fui para a Praia de Botafogo nos meus dois últimos anos de Andrews, quando o terceiro ano tinha ido para lá.

 

Você pegou várias Direções no colégio durante esse período?

 

SN: Peguei sempre o Edgar Flexa Ribeiro como diretor. Os coordenadores eram o Edgar Cabral de Menezes e o Arthur Sette, uma figura queridíssima, por quem eu tenho uma gratidão muito grande como amigo. Era uma pessoa maravilhosa.

 

Você destacaria alguma coisa na orientação pedagógica do Andrews? Algo que seria diferente de outros colégios?

 

SN: Como trabalhei sempre no terceiro ano, não tive nenhum contato direto com o primeiro e segundo ano, nem com o primeiro grau. Na verdade, eu pegava o reflexo. O terceiro ano era sempre elogiado pela equipe. Me lembro que um dos motivos que me levaram para lá era que eu queria ser professor do terceiro ano do Andrews. Na época, era considerada a melhor equipe de professores. Era uma honra, para mim, trabalhar lá. Na cadeira de Português eram dois professores: o hoje acadêmico Domício Proença Filho, que dava Literatura, e eu. Fazer dupla com o Domício é uma honra para qualquer um; na época ele não era acadêmico, mas já era super conceituado. Os livros didáticos dele eram considerados os melhores. Também tinha uma equipe maravilhosa em Matemática, em Física, em Geografia, em História. Tinha o Silva Santos, o Aquino, o Loureiro. Eu tenho medo de citar alguns e esquecer os outros, figuras brilhantes com quem tive a honra de trabalhar.

 

Você ficou no Andrews até quando?

 

SN: Confesso que não me lembro o ano. Não saí porque quis, mas porque precisei. Minha atividade como consultor, não só na TV Globo, mas em outras empresas, fazia com que eu viajasse muito. Com isso precisei tornar meu horário mais flexível.

 

Você sente falta de dar aula em colégio? É diferente do trabalho que você faz hoje?

 

SN: Sim, é outra história. Eu sempre tive uma relação muito boa com meus alunos. Tanto que até hoje encontro vários ex-alunos na TV Globo e é sempre gostoso reencontrar essas pessoas que hoje são profissionais qualificados. Saber de artistas e políticos que foram meus alunos. Eu sinto falta, mas infelizmente não posso ter essa atividade. Se tivesse, viveria faltando.

 

De uns tempos para cá muitos colégios fecharam, o que você acha que o Andrews tem que resistiu ao tempo e vai fazer 90 anos em 2008?

 

SN: Antes de tudo, qualidade, seriedade. É um colégio que tem aquela qualidade do ser familiar. Educação sem amor não dá, não basta competência.

 

Qual foi a importância do Colégio Andrews em sua vida?

 

SN: Possivelmente, das escolas onde trabalhei certamente foi a que eu trabalhei mais tempo. Não sei avaliar, sei que trabalhei com muito carinho. Teve uma época em que eu dava aula no último tempo do sábado, às 11h35min, e tinha a sala cheia. Ter 80 alunos em sala num sábado de sol e praia é sempre um motivo de muito orgulho. O Andrews foi uma das escolas onde eu mais me realizei como professor.

 

Muito obrigado pelo seu depoimento.