Nos anos 1980, antes de se tornar uma das maiores vozes da música brasileira, Marisa Monte já brilhava nos palcos do Colégio Andrews. Como integrante do TACA (Teatro Amador do Colégio Andrews), ela participou do musical The Rocky Horror Show, sob a direção de Miguel Falabella.
Ao longo de seus 107 anos de história, o Andrews sempre teve o Teatro e as Artes como parte essencial de sua identidade. A escola valoriza o desenvolvimento da sensibilidade cultural e estética, estimulando a educação visual e a capacidade de criação.
O resultado desse compromisso foi a criação do TACA na década de 1960, iniciativa dos próprios alunos. Com o objetivo de despertar nos jovens o interesse pelo teatro, literatura, música e artes em geral, o grupo rapidamente se tornou um sucesso. Apesar de não ter pretensões profissionalizantes, o TACA se orgulha de ter sido o ponto de partida de várias carreiras bem-sucedidas no campo das artes cênicas.
Na época, o curso de teatro era aberto apenas para alunos do antigo “segundo grau” e, na maioria das vezes, focado em musicais, o que permitia explorar também talentos no canto e na dança. Durante os anos 1980, o grupo apresentou montagens memoráveis, como Sonhos de uma Noite de Verão, The Rocky Horror Show e Cabaret.
The Rocky Horror Picture Show é uma sátira aos filmes de terror e ficção científica produzidos entre as décadas de 1930 e 1960. Lançado em 1975, estrelado por Tim Curry e Susan Sarandon, o filme desafiava padrões sociais da época com seu tom irreverente e provocativo.
Em 2025, completam-se 43 anos da montagem de Rocky Horror Show no Andrews. A adaptação do musical foi um grande sucesso e revelou talentos que viriam a se destacar no cenário artístico, incluindo Miguel Falabella, que na época era ex-aluno e professor/diretor do TACA.
Segundo Marisa Monte, a peça fazia parte do curso de teatro do horário estendido do segundo grau, e já existia uma tradição de que as aulas eram muito boas. Por isso, ela e os amigos decidiram participar.
“O professor era o Miguel Falabella, na época um jovem ator e diretor. Ele escolheu Rocky Horror Show e adaptou o filme, que já era um musical super cult. Consegui um videocassete com um amigo da minha mãe, e a gente assistia toda tarde na minha casa. Havia uma banda ao vivo e, como eu já gostava de cantar, fiquei logo amiga dos músicos.”
Essa foi sua primeira peça no colégio, onde se apresentou e cantou pela primeira vez diante de um grande público.
“A peça foi um enorme sucesso, com gente tentando invadir a escola para assistir às sessões extras. Uma montagem inesquecível, que marcou a adolescência de muita gente. Foi um misto de sensações, descobertas transformadoras e lembranças boas.”
Com nomes como Marisa Monte, Thereza Piffer, João Shoua e Miguel Falabella, entre tantos outros, o TACA foi construído e desenvolvido a muitas mãos, ganhando notoriedade com espetáculos de qualidade e contribuindo para a formação cultural e artística dos alunos.
Nos anos 1990, o ator e ex-aluno Gustavo Gasparani assumiu a direção do grupo e apresentou peças como Hair, Gota d’Água, O Despertar da Primavera e O Cálice Sagrado, mantendo o alto nível do trabalho realizado.
Nos últimos anos, o Andrews expandiu sua proposta teatral, oferecendo aulas também para outras faixas etárias. Assim surgiram o Mini TACA, para crianças a partir de cinco anos, e o Pré-TACA, voltado para pré-adolescentes.
No documentário sobre sua carreira, gravado durante uma turnê na Austrália, Marisa Monte relembra com carinho essa experiência, destacando como o TACA foi essencial para sua formação como cantora. No Andrews, ela pôde explorar sua voz, a interpretação e o universo do teatro musical, elementos que viriam a marcar profundamente sua trajetória artística.
O TACA sempre foi um celeiro de talentos, e a história de Marisa Monte é um exemplo vivo de como a arte, incentivada desde cedo, pode transformar vidas.
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