Antônio Gomes Penna

Projeto Andrews 90 anos

Entrevista com Antônio Gomes Penna/Professor

Rio de Janeiro, 28 de agosto de 2007

Entrevistadora Regina Hippolito

 

Onde e quando nasceu?

 

AGP: Nasci no Rio de janeiro, na Tijuca, no dia 9 maio de 1917, mas só fui registrado no dia 13.

 

Quem foram seus pais?

 

AGP: Eram portugueses. A família de meu pai trabalhava no campo em Portugal. Meu pai chegou a estudar para ser padre, mas abandonou o seminário e veio para o Brasil tentar a vida. Aqui, trabalhou durante um tempo, fez uma amizade com outro português, montaram uma fábrica de sabão que deu bastante recursos a ambos. Quando eu nasci, meu pai já se encontrava em uma situação muito boa.

 

Onde fez seus primeiros estudos?

 

AGP: No Instituto Lafayette, que era o melhor colégio da Tijuca, onde acabei sendo professor. Fui professor, à noite, no Colégio Juruena, que funcionava em Botafogo. Depois fui trabalhar no Colégio Andrews.

 

Que faculdade o senhor cursou?

 

AGP: Fiz três faculdades: a Faculdade Nacional de Direito, a Faculdade Nacional de Filosofia e a Escola superior de Comércio, onde fiz um curso especializado em economia. Tornei-me catedrático da universidade federal e na estadual; trabalhei também na Fundação Getúlio Vargas. Minha atividade principal foi sempre dentro da universidade.

 

Como foi seu primeiro contato com o Colégio Andrews?

 

AGP: Fui para lá e me apresentei, acabei sendo aceito. Trabalhei durante vários anos. Durante esse tempo, cheguei a ser convidado pelo Carlos Flexa Ribeiro para dirigir o colégio, porque eu tinha uma visão muito boa de educação. Eu não aceitei porque gostava de dar aulas. Quando ele saiu do colégio, eu também saí. Ele me convidou para trabalhar no Instituto de Belas Artes.

 

Queria que o senhor falasse um pouco dessa época do Andrews. Como era o seu relacionamento com os colegas?

 

AGP: Lembro que o professorado era muito bom. Eu levei muita gente para lá porque passei a ter um prestígio muito grande dentro do colégio: a Marion, o Luís Alfredo Garcia Roza. O corpo docente do Andrews era muito bem selecionado, os professores eram de alto nível. Depois me afastei para me dedicar às duas faculdades.

 

Durante o tempo que o senhor trabalhou no Andrews, o senhor viu alguma mudança?

 

AGP: [Penna entrou no Andrews em 1950 ou 1951 e ficou até 1955, voltou em 1958 e ficou até 1961 – informações de Marion Penna]. No tempo em que eu estive no Andrews sempre foi um grande colégio. Eu saí de lá não porque o colégio tivesse diminuído de importância, mas porque eu estava muito mais voltado para o ensino universitário, não podia mais continuar no ensino secundário.

 

Qual foi a importância do Colégio Andrews em sua vida?

 

AGP: A orientadora educacional de lá foi minha colega na faculdade de Direito, a Guilhermina Sette. Era uma pessoa com quem eu me dava muito bem. O Andrews sempre foi um colégio excepcional, os professores eram todos meus amigos. Por sugestão do Carlos Flexa Ribeiro, cheguei a dar um curso de Psicologia para meus colegas professores.

 

O senhor dava aula de psicologia ou filosofia?

 

AGP: Psicologia e Filosofia, porque eram as duas áreas que me agradavam mais. Os professores eram muito bons, o nível dos alunos era altíssimo. O Andrews era um colégio excepcional, naquela época não tinha outro igual.

 

Quando o senhor se aposentou?

 

AGP: Quando fiz 70 anos, em 1987.

 

A partir de então o senhor se dedicou a escrever livros?

 

AGP: Escrevi 30 livros, tem dois que estão no prelo e um terceiro que estou preparando. Dediquei-me também a fazer conferências.

 

De uns tempos para cá muitos colégios fecharam, o que o senhor acha que o Andrews tem que resistiu ao tempo e vai fazer 90 anos em 2008?

 

AGP: O Andrews sempre foi um grande colégio porque quase todos os professores de lá eram professores universitários. Era uma pequena universidade. Claro que não havia nenhum colégio que se comparasse com o Andrews, talvez a PUC fosse um colégio significativo, mas tinha esse aspecto religioso, o que não acontecia no Andrews, que era laico. O Andrews foi naquela época, sem dúvida nenhuma, o melhor colégio do Rio de Janeiro. Eu trabalhei lá com muita satisfação. Quando o Carlos Flexa Ribeiro foi secretário de educação, fui indicado por ele para o Instituto de Belas Artes e depois para a Escola de Artes Visuais, porque a minha grande paixão era estudar percepção – tanto que escrevi dois livros sobre percepção e afetividade e percepção e aprendizagem.

 

O senhor quer acrescentar alguma coisa?

 

AGP: Eu sempre tive um bom relacionamento com a família Flexa Ribeiro, o Carlos era muito meu amigo. O Colégio Andrews foi o maior colégio que conheci, e olha que eu viajei muito pelo Brasil.

 

Professor, muito obrigada pelo seu depoimento.


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