Chulamis Glat

Projeto Andrews 90 anos

Entrevista com Chulamis Glat

Rio de Janeiro, 28 de agosto de 2007

Entrevistadora Regina Hippolito

 

Onde e quando você nasceu?

 

CG: Nasci em Ilhéus, Bahia e vim com sete anos para o Rio de Janeiro.

 


Quem eram seus pais?

 

CG: Meus pais eram europeus chegados jovens da Rússia, ambos judeus. Viveram na Bahia até eu fazer sete anos. Viemos para o Rio porque minha mãe estava grávida, e aqui ela morreu na mão de um dos maiores parteiros daquela época. Eu fui criada por minha tia, irmã mais velha da minha mãe.

 

Onde você fez seus primeiros estudos?

 

CG: Os primeiros foram em Ilhéus, em uma escola que funcionava em uma sala enorme, com todas as turmas juntas, era uma festa de crianças, com uma professora chamada Dedé. Não era obrigatório, eu não ia todo dia. Meu avô, que era o chefe da família, não gostava que eu fosse lá, mas eu gostava muito.Viemos para o Rio e eu fui para o Colégio Anglo-Americano, que funcionava na Praia de Botafogo. Como eu gostava de acordar tarde, a escola foi escolhida pelo horário. Fiz o Primário e o Ginásio até a oitava série. Então, outros valores foram considerados na escolha, e o melhor colégio era o Andrews. Fui fazer o curso Clássico lá.

 

Você se lembra em que ano foi?

 

CG: Entrei no Andrews em 1945. Fiquei lá até 1947. No ano seguinte estava na faculdade.

 

Você fez faculdade de que?

 

CG: De Pedagogia, na Faculdade Nacional de Filosofia, que funcionava na avenida Antônio Carlos.

 

Fale um pouco da sua época do Andrews.

 

CG: O mais gostoso contar, que foi o seguimento da minha profissão, foi a Orientação Educacional do Andrews. Parece que foi o primeiro colégio que tinha Orientação Educacional. Era dirigido pela Iva Weisberg. Eu fiz um exame pré-vocacional na Fundação Getúlio Vargas, a conselho de Guilhermina Sette. Algumas pessoas da minha turma fizeram esse exame.

 

Você se lembra dos professores do curso Clássico?

 

CG: A matéria que eu mais gostava era História, com o professor Ciro Augusto. Tive aula com o professor Carlos Flexa Ribeiro. Foi a primeira vez que ouvi falar de Estética, porque era matéria, não era só ir a museu e apreciar a arte, era coisa de estudar.

 

Você foi aluna da madame Jacobina? Como eram as suas aulas?

 

CG: Maravilhosa. Tudo só em Francês. Todo mundo tinha medo dela, mas como eu era muito estimulada em casa a fazer a Aliança Francesa, fazer a Cultura Inglesa, eu gostava daquela aula de Francês.

 

E quem era sua professora de Inglês, a Áurea?

 

CG: Não, era um senhor que dava também aula de tradução simultânea na PUC.

 

O que mais você se lembra do curso Clássico?

 

CG: Tinha o professor Assis, de Matemática, que eu gostava, mas ninguém gostava. Tinha o Hebert de Física e o Raul Bittencourt, que era a grande figura lá do colégio, professor de Filosofia.

 

E de seus colegas, você se lembra?

 

CG: Tinha a Maria Teresa Braga Cordeiro de Melo, e meus primos Henrique Gandelman e Salomé, com quem ele se casou, estavam no Científico. Tinha o Renato Ferreira Bittencourt – que era o meu colega de gostar de estudar, nós dois éramos os melhores alunos de Filosofia –, o Paulo Nogueira Batista, que era muito inteligente. Tinha a Patrícia, Lívia Vital Brasil era um grupo de meninas muito ricas e muito bonitas.

 

Naquela época, já existia escola judaica no Rio de Janeiro?

 

CG: Tinha uma escola muito boa, mas era muito longe, funcionava na Tijuca. E tinha uma muito religiosa, Talmud Torah, que existe até hoje.

 

Nessa época, o número de alunos judeus no Andrews era muito grande, não?

 

CG: Uma das coisas que fez com que eu fosse para o Andrews era porque a colônia judaica estava indo para lá naquele tempo. Na minha turma tinha a Fanny Koifman, judia, ficamos amigas. De meninos tinha o Afonso, tinha um menino louro, Nilson, que foi um delegado importante.

 

Você foi para a Faculdade Nacional de Filosofia e se formou quando?

 

CG: O meu primeiro vestibular foi de Ciências Sociais, em 1948. Em 1950 me casei e fui para Israel, passei um ano lá. Na volta, entrei na faculdade de Pedagogia, na Faculdade Nacional de Filosofia.

 

Quando você se formou?

 

CG: Fui tendo filhos, levei uns 10 anos para me formar. Após a formatura, fui fazer o curso de Orientação na Santa Úrsula. Depois fui fazer estágio no Andrews em 1970.

 

Você foi trabalhar com a Guilhermina? Você pegou quais turmas?

 

CG: Fui trabalhar no SOE com a Guilhermina, com a sétima e oitava séries. A Luzia pegava a quinta e sexta séries. Eu trabalhava na Praia de Botafogo, nunca trabalhei na Visconde de Silva.

 

Fale um pouco sobre o seu trabalho.

 

CG: Éramos muito bem assessoradas pela Guilhermina, com muita força do professor Aluísio. Todas as minhas colegas tinham inveja porque eu era orientadora do Andrews. Eu gostava muito porque podia dar sessão em grupo, podia entrar em sala, em geral as orientadoras não entravam. Eu atendia alunos, professores e família. Teve um ano que a Guilhermina fez uma estatística que eu atendi 100 famílias. Era um trabalho muito bem visto na escola.

 

Qual o período em que você trabalhou no Andrews?

 

CG: De 1970 a 1977.

 

CG: Eu tive toda a minha família no Andrews, meus irmãos, meus filhos e meu neto. Sempre achei uma unidade muito típica. Eu achava que era um colégio de nível, um colégio com muito interesse sobre o aluno, e isso atravessou todo o tempo.

 

 Você falou dos testes aplicados pela Marion Penna, como eram?

 

CG: Ela não era professora, ela só vinha aplicar testes vocacionais. Eu tinha feito testes vocacionais com a Fundação Getúlio Vargas em 1944, no tempo em que as coisas eram muito pessoais, não havia um teste padrão para todos. As pessoas falavam do teste como se estivessem fazendo uma prova de colégio, quem gostava de fazer prova, fazia bem.

 

Qual foi a importância do Colégio Andrews na sua vida?

 

CG: Quando me refiro ao meu colégio, meu colégio foi o Andrews. Sempre foi o colégio que eu recomendei para amigos.

 

De uns tempos para cá muitas escolas fecharam. O que você acha que o Andrews tem que resistiu ao tempo e vai fazer 90 anos em 2008?

 

CG: A ideia antropológica que tenho é que é um colégio de família. Não é um colégio só para ganhar dinheiro, como outros Esse é um colégio à moda europeia.  

 

Muito obrigada pelo seu depoimento.

 

 

 

 


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