Eliane Aguiar

Projeto Andrews 90 anos

Entrevista com Eliane Aguiar

Rio de Janeiro, 19 de abril de 2007

Entrevistadora Regina Hippolito

 

Quando você nasceu?

 

EA: Nasci em 1956, na cidade do Rio de Janeiro, em uma família de educadores. Minha mãe foi uma grande mestra, ela era supervisora pedagógica, e foi um grande exemplo para nós. Naquele tempo em que a mulher estava sempre em casa acompanhando os filhos, nós nos reuníamos numa mesa grande que havia no quintal de nossa casa para fazer os deveres de casa. Ela deixou os estudos quando casou, e nós sabíamos que ela desejava retomar. Quando eu fiz o vestibular e entrei para a faculdade, ela também entrou. Eu fui fazer Psicologia e ela, Pedagogia.

 

Onde você fez seus primeiros estudos?

 

EA: Na escola pública. Fui uma menina de difícil adaptação no colégio. Nos primeiros meses, minha mãe, com a autorização da diretora da escola, teve que ficar sentada no fundo da sala. Minha segurança era olhar para trás e ver que ela estava ali. Aos poucos fui vencendo minha timidez. A escola se chamava Escola Londres, no Méier, recém-inaugurada, naquela época em que estavam se construindo muitos colégios. No Ginásio, fui para uma escola pública estadual recém-inaugurada nas imediações, que se chamava José Veríssimo. Eu me peguei inaugurando escolas, isso foi me dando gosto.

 

Esse seu interesse pelo trabalho em educação já vinha dessa época?

 

EA: Não. Meu primeiro interesse em me aproximar da educação foi porque eu fui a primeira experiência, lá de casa, da Lei 5.692. Tive um péssimo Ensino Médio, que na época chamava-se Científico. Como éramos de escola pública, sofríamos muito com essas mudanças nas políticas públicas. Quando eu estava na segunda série, fui fazer o cursinho pré-vestibular, para tentar ter uma oportunidade de entrar para uma universidade, pois sentia que estava despreparada para isso. Mas a minha primeira escolha não foi Educação, eu fiz Psicologia.

 

Você fez em que faculdade?

 

EA: Na Faculdade Celso Lisboa, também inaugurando a faculdade, e me formei em 1980.

 

Qual foi seu primeiro contato com o Colégio Andrews?

 

EA: Entrei para o Andrews em 1989, já tinha mais de 10 anos de mercado de trabalho.

 

Você entrou como professora?

 

EA: Não, como orientadora educacional. Nesse meio tempo, fiz Pedagogia. Trabalhei muito tempo em sala de aula como professora de Psicologia em um curso chamado de Escola Normal, formação de professores. Foi aí que me interessei em me aproximar da orientação de jovens e sua inserção no mercado de trabalho. Esse tema virou foco do meu estudo e dissertação de mestrado.

 

Você fez mestrado onde?

 

EA: Em Educação, na UERJ.

 

Quando?

 

EA: Entre 1998 e 1999. Fiz por uns três anos, estiquei o máximo, porque na ocasião vivi outra experiência importante, fui avó.

 

Voltando um pouco, como foi o seu primeiro contato no colégio?

 

EA: Quando eu fazia Pedagogia, tive um professor, Arlindo (que trabalhava com Recursos Humanos), que, sabendo da existência de uma vaga no Colégio Andrews, me indicou. Foi a minha primeira experiência. Na entrevista com o professor Paulo Muniz, que foi diretor do Andrews, eu disse que tinha sido encaminhada por um grupo de professores da minha faculdade, que tinha muito experiência de sala de aula, mas que seria minha primeira experiência como orientadora educacional. Comecei trabalhando com uma equipe maravilhosa. Paulo Muniz na direção no turno da manhã, professor Aluísio diretor do turno da tarde. Na Praia de Botafogo tinha dois turnos, eu cheguei como orientadora da oitava série do fundamental da parte da manhã. Eu trabalhava com Liane, que foi a minha mestra, me ensinou tudo. Na parte da tarde eram orientadoras as professoras Luzia e Cley. Na coordenação tinha o professor Gabriel. Fazíamos uma equipe boa de troca de experiências pedagógicas. Depois entraram a Sandra Calvert e a Sandra Valverde. Eu só assumi o Ensino Médio na Visconde de Silva, quando o colégio veio todo para cá.

 

O que você destaca na orientação pedagógica do Andrews? Tem alguma linha que marca a identidade do colégio?

 

EA: Quando comecei no Andrews, aprendi a história da instituição. Que bom que encontrei aqui uma liberdade de trabalho muito grande, uma confiança muito grande. Os valores que constam hoje no projeto – o desenvolvimento de autoria, de autonomia –, eu sempre tive oportunidade de propor. Sempre senti, da parte da direção, muita confiança, uma escuta muito boa. Isso para quem está crescendo é importante. Aqui também tive a oportunidade de continuar estudando, porque fiz o mestrado trabalhando no colégio. Conversei com o Edgar e com a direção para contar com o apoio deles. Meu projeto foi sobre o trabalho com jovens. Depois do curso, o colégio me confiou o trabalho com o Ensino Médio.

 

O que você acha que diferencia o Andrews de outros colégios do mesmo gênero? Você acha que existe uma marca Andrews? É essa liberdade que você mencionou?

 

EA: Nesse momento nós estamos revendo orientações, diretrizes, o que estamos chamando de inflexão. Eu cheguei ouvindo que o colégio era de vanguarda, e sinto isso até hoje, as coisas acontecem primeiro nessa escola para depois acontecerem nas outras. Penso que é por causa dessa liberdade que você tem de permitir que o aluno viva uma espécie de transcendência, de poder ir um pouquinho além. Isso é a cara do colégio. A orientação educacional no Colégio Andrews, segundo conta a história, foi um dos primeiros setores. Depois é que surgiu a orientação pedagógica, que se aproxima mais do professor, dos processos acadêmicos. É um setor de muito valor.

 

Você pegou uma geração na Direção, agora está com outra, como você vê isso?

 

EA: Eu vejo o colégio com a mesma marca, não houve mudança. Vejo, sim, os desafios dos tempos de hoje. Não está sendo fácil.

Eu reconheço, de uma forma muito profissional e ética, o quanto o Andrews contribuiu para a minha formação. Foi a minha primeira escola.

 

Alguma coisa te marcou nesse início?

 

EA: Eu entrei em agosto, substituindo uma pessoa. No meu primeiro dia de trabalho havia um conselho de classe, e quem coordenava esse conselho era a orientadora educacional. Foi muito difícil. A orientadora pedagógica me ajudou muito. Eu aprendi na prática. Hoje as coisas são mais organizadas, quando chega uma colega nova nós conversamos bastante antes. Fui aprender o Andrews vivenciando a escola, o dia a dia. As coisas no colégio são planejadas cuidadosamente. Havia uma política de aos poucos passar a escola da Praia de Botafogo para a Visconde de Silva. O serviço de orientação ficou responsável por fazer a ponte. Foi a primeira grande reunião vertical, com as orientadoras da Visconde de Silva, para saber o que elas faziam, já numa ideia de união.

Outro desafio foi a minha mudança para o Ensino Médio.

 

Há muita diferença na orientação do Ensino Fundamental para a o Ensino Médio?

 

EA: O problema é o desafio para quem trabalha com adolescente. Já vi grandes profissionais que ficaram perdidos quando foram trabalhar com adolescentes. Além de gostar, tem que ter o perfil de trabalhar com essa faixa de idade, de ter um bom diálogo.

 

Por que é uma faixa de idade que questiona o tempo todo?

 

EA: Eles sempre questionam porque é assim e não pode ser diferente.

 

Teve algum fato que te marcou durante esse tempo que trabalha no Andrews?

 

EA: Eu tive, e espero que outros tenham tido, a alegria de ver o meu projeto pessoal e profissional realimentado com as experiências do próprio trabalho. Às vezes fico me perguntando: por que não vim para o Andrews antes, por que só vim com 33 anos de idade? Acho, no entanto, que tudo tem a sua hora. A minha experiência anterior foi fundamental para chegar aqui e continuar.

 

Muito obrigada pelo seu depoimento.

 

 


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