Magda Bouças

Projeto Andrews 90 anos

Entrevista com Magda Bouças

Rio de Janeiro, 31 de março de 2008

Entrevistadora Regina Hippolito

 

Quando e onde você nasceu?

 

MB: Nasci no Rio de Janeiro em 29 de outubro de 1950.

 

Quem foram seus pais?

 

MB: Eles são mineiros. Minha mãe de São Sebastião do Paraíso, no Triângulo Mineiro, e meu pai de Governador Valadares. Eles vieram para o Rio porque meu pai trabalhava no Banco Mineiro da Produção, que depois virou o famoso BENGE, e ele veio para abrir a primeira agência aqui. Minha mãe era do lar, nunca trabalhou. Já minha avó chamada Luísa Aurora tinha uma escola em São Sebastião do Paraíso. Era uma mulher à frente do seu tempo.

 

Onde você fez seus primeiros estudos?

 

MB: Meu pai ia ser padre, mas conheceu a minha mãe e se apaixonou. A combinação deles era que os filhos iriam estudar em colégio religioso. Então eu estudei no Colégio São Paulo. Quando chegou a época de fazer o Científico, eu queria ir para o Andrews porque muitas amigas minhas foram para lá, mas meu pai não deixou. Eu continuei no Colégio São Paulo e cursei o Normal. Nessa época eu comecei a namorar o Danilo Caymmi, que era aluno do Andrews. Minha irmã se casou com um ex-aluno do Andrews. Então a minha turma era inteira do Andrews. No início de 1966 ou 1967, minha irmã mais velha, que era professora do Colégio São Paulo, recebeu um convite do Andrews para trabalhar lá e foi. Eu tinha um fascínio enorme pelo Colégio Andrews. Um belo dia, quando eu já estava cursando o segundo ano normal, minha irmã me pediu para ir ajudar a Ana Belizans na Visconde de Silva. Eu ia trabalhar vestida com o uniforme do curso normal, porque depois eu ia para a aula. Um dia eu encontrei o Edgar, que me falou muito educadamente: “professora, quando você vier para cá, por favor, tire o uniforme escolar, que é para as crianças verem você de outra maneira. Fui para casa chorando, me senti a pessoa mais infeliz do mundo. Fiquei lá um ano.  No ano seguinte, fui promovida para auxiliar de jardim. No final do ano eu me inscrevi para fazer vestibular de medicina, mas um dia ligou a Ana do Andrews e me chamou para ser professora de uma turma, já era 1969.

 

Qual turma você pegou?

 

MB: A primeira série. A turma tinha 20 alunos. Eu adorava a minha turminha. No ano seguinte já me deram uma turma com 36. Em 1973, eu resolvi fazer vestibular de publicidade. Passei para a Facha. Fui da primeira turma dessa faculdade. Eu estudava de noite e continuava a trabalhar de dia no Andrews. Em 1975 eu me casei e saí do Andrews no ano seguinte.

 

Você voltou para o Andrews? Quando?

 

MB: Eu voltei em 1981 para a primeira série. A Visconde de Silva já tinha passado por obras. Em 1984 eu passei para a segunda série, a minha coordenadora era a Mariléia. Dois anos depois, meu filho ficando mais velho, eu precisava ganhar mais, e fui trabalhar em uma agência de publicidade. E ainda continuava no Andrews. Em 1987 eu saí do colégio. Dessa agência de publicidade eu passei a trabalhar com comércio exterior. Trabalhei seis anos com o Cal Braga. Um dia ele me disse que  queria mudar de ramo. Então eu sugeri a ele abrir uma creche. Resolvi procurar o Edgar para me aconselhar. Era 1992. Marquei uma reunião com o Cal Braga e o Edgar. Passei então a procurar uma casa para instalar a creche. Fiquei um ano nessa função, até que fechamos o negócio com um casarão ao lado do Andrews na Visconde Silva. Mas um dia me liga o Edgar falando que o Nascimento Brito estava vendendo uma casa na rua Abade Ramos por um preço maravilhoso. Fomos ver a casa e ele a comprou. Desfizemos o negócio com a outra casa. Eu vim para dirigir a escola. Por nunca ter trabalhado com criança dessa idade, eu fui estudar, me preparar. Tive uma mentora que me deu para ler um pouco de Freud. Depois fiz quatro cursos de psicopedagogia. A Andrews Baby foi inaugurada no dia 7 de março de 1994, com sete alunos, três no turno da manhã e quatro no turno da tarde. Era uma delícia, foi um desafio. No fim dos dois primeiros meses já tínhamos 22 crianças. No início de 1995, tínhamos 120 alunos. Foi um sucesso muito grande, a escola estava muito bem montada, muito bonita. Em 1996, o Cal Braga vendeu as cotas dele para mim.

 

Quantos alunos vocês têm hoje?

 

MB: Estamos com 96 crianças.

 

Você destacaria algum fator na orientação pedagógica do Andrews?

 

MB: Eu peguei uma fase da educação muito estática. Esse pool de novas teorias pedagógicas começou na década de 90, quando eu já estava afastada. Mas no Andrews a educação era muito rígida. Os professores eram maravilhosos. Nós trabalhávamos sério com as crianças. Acho que até hoje não tem Português igual ao do Colégio Andrews. A estrutura pedagógica da escola é fortíssima. Até eu sair do colégio, o nível de professores e coordenadores era o melhor. Tenho duas sobrinhas que estão no Andrews e são um poço de cultura, leitoras compulsivas, veneram o colégio. Independente disso, eu também tenho um feedback da escola imenso, porque há uma tendência dos meus alunos irem para lá. Eles saem daqui,uma escola pequena, e vão para lá e adoram. Eu acho que o Andrews é uma escola maravilhosa.

 

Você acha que o Andrews mantém o mesmo nível do corpo docente?

 

MB: Acho que não porque isso é uma dificuldade para todas as escolas.

 

Qual foi a importância do Colégio Andrews em sua vida?

 

MB: Apesar de não ter estudado lá, foi total. O Colégio Andrews tem mais importância na minha formação como pessoa do que onde eu estudei. Primeiro porque ele me mostrou o caráter dos donos. É muito bom trabalhar em uma empresa onde os donos têm o caráter que os Flexa têm; eles são ilibados, são de uma correção total. Eles têm sempre em mente o professor em primeiro lugar, e essa valorização do profissional é muito importante. Na minha vida profissional, eu aprendi tudo lá. Ao lidar com uma escola, valorizar o professor, valorizar todos que trabalham. Isso eu aprendi com o Edgar, ele foi uma pessoa importantíssima na minha vida. O Andrews foi muito importante por aí, por uma seriedade, um crédito muito grande que acho que até hoje as pessoas têm trabalhando ali. Você está ali, você tem credibilidade.

 

De uns tempos para cá muitas escolas fecharam, o que você acha que o Andrews tem que está resistindo ao tempo e vai fazer 90 anos em outubro de 2008?

 

MB: Tem uma administração competente. Tem o querer. Tem uma vontade muito grande por parte do Pedro. Eu fiz uma pós-graduação com ele. Ele é um gênio, uma inteligência fora do comum. Acho que se não houvesse coração, só a razão, eles já teriam tido motivos para fechar o colégio há muito tempo.

 

Você quer acrescentar alguma coisa?

 

MB: O que fica de muito importante é essa admiração enorme que eu tenho por eles todos. Por esse caráter, por esse exemplo que eles são.

 

Muito obrigada pelo seu depoimento.

 


« voltar

COLÉGIO ANDREWS

(21) 2266-8010

Endereço:
Rua Visconde de Silva, 161
Humaitá CEP 22271-043
Rio de Janeiro - RJ

Colégio Andrews
Todos os Direitos Reservados
@ 2017