Mark Wundheiler

Projeto Andrews 90 anos

Entrevista com Mark Wundheiler

Rio de Janeiro, 11 de março de 2008

Entrevistadora Regina Hippolito

 

Onde e quando você nasceu?

 

MW: Nasci no Rio de Janeiro em fevereiro de 1964.

 

Quem foram seus pais?

 

MW: Steven Wundheiler e Maria Thereza Wundheiler.

 

Onde você fez seus primeiros estudos?

 

MW: Eu fiz o Maternal e o Jardim de Infância num colégio pequeno  chamado Recreio Infantil, cuja continuação era o Ginásio Olinda, hoje Escola Dinamis.

 

Quando você entrou para o Colégio Andrews?

 

MW: Em 1970 para fazer o pré-primário na Visconde Silva.

 

Fale um pouco sobre essa época na Visconde.

 

MW: Tinha a casa com um pátio na frente com um plano meio inclinado, onde a gente brincava e jogava bola. Atrás tinha um prédio pequeno. O primeiro prédio mais moderno ficou pronto quando eu estava na quinta série.

 

E de seus professores, você se lembra?

 

MW: A minha primeira professora foi a tia Iara. Quando depois fiz uma viagem para a Disney ela era a guia da excursão. Depois foi a tia Lídia, que anos mais tarde eu encontrava muito no Fluminense. Na segunda série tive a tia Arminda, a tia Olga e a tia Edith, já havia uma separação de matérias.

 

E de seus colegas do primário, você se lembra?

 

MW: Meus colegas mais próximos do primário não foram os meus amigos mais chegados ao longo do tempo no Andrews. Era o Carlos Augusto, o Mauro Frejat. E tem vários outros que tenho contato hoje em dia: a Cláudia Cabral, a Ana Hartmann, o Roberto Agostinho etc.

 

Quando você passou para a Praia de Botafogo?

 

MW: Foi na sétima série. Até a sexta série eu estudei na Visconde Silva. Na época em que eu passei para a sexta série, tinha uma turma de sexta série que era na Praia. Era uma experiência que o colégio estava fazendo de ir mais cedo para lá.

 

Como foi essa passagem?

 

MW: Foi fácil, apesar de ser um espaço muito menor. Tinha uma cultura informal no colégio que essa passagem era uma promoção. Estávamos  ficando mais velhos. Era também a sede tradicional da escola. A minha turma mudou um pouco, recebeu alguns alunos novos. Eu já conhecia bem o lugar fisicamente porque minha mãe dava aula lá. Para mim era uma aspiração pessoal estudar onde a minha mãe dava aula.

 

E quais professores foram mais marcantes para você?

 

MW: O Villaça era um professor muito tradicional no colégio e uma figura muito característica. A Antonieta, de Matemática, era uma pessoa muito próxima dos alunos. O Léo, que me deu aula de Matemática no final do primeiro grau e também no segundo. O Adam, de História, foi muito marcante. Os alunos adoravam o estilo diferente de aula dele e também a abrangência do curso. A Lídia Sereno, o Luciano, de Física. Esses eram do segundo grau.

 

Fale um pouco como foi o segundo grau. Quais as matérias mais marcantes, e quais professores?

 

MW: O Sena foi marcante. Eu já gostava de ler, mas a forma dele apresentar a literatura brasileira me fez gostar mais ainda. Fazia a gente ir além do texto que estava lendo, entender o autor e suas motivações. O Loureiro foi bastante marcante. O Paulinho, de Química. A Ester, de Biologia. A Rose Marie, que era uma professora muito famosa no colégio porque era bonitona e muito severa com os alunos. Não comigo, porque eu era bom aluno, nunca tive muitos problemas.

 

Você foi fazer o terceiro ano na Visconde Silva?

 

MW: Tive aula com o Loureiro, o Domício Proença, o Edgar, o Murilo de Biologia, o Afonso, o Ditirana, que era um personagem um tanto quanto engraçado, professor de Álgebra linear; o Morgado tinha um jeitão muito característico; o Marcos Montiolo, com quem tive aula mais de uma vez no segundo grau, eu gostava muito; o Sérgio Nogueira, que dava gramática portuguesa; o Braga, que dava aula de Álgebra. Matemática era dividida em três programas com três professores diferentes. Geografia eram o Marcos e o Maurício Silva Santos. Várias matérias tinham dois professores no terceiro ano.

 

E seus colegas?

 

MW: Entre a quinta série e o final do colégio eu tive um grupo mais próximo de quatro amigos: José Paulo Spinelli, Luís Maria Pio Correa, Valter Sofir e Ricardo Mitidieri.

 

Você acha que o colégio teve alguma influência na sua decisão de fazer Direito?

 

MW: Teve, porque eu era um menino com muitos interesses e tinha dificuldade em escolher o que eu queria. No segundo ano do segundo grau eu fui algumas vezes conversar com a Luzia no SOE, para obter orientação. Como eu tinha muito interesse em História e em Português, sempre aparecia como uma escolha natural o Direito. Além de tudo, naquela época existia a crença generalizada que o curso de Direito dava uma formação ecumênica para que você pudesse se dedicar depois a diferentes áreas. O que descobri que não era verdade quando cheguei à faculdade. Direito naquela época já era um curso bastante técnico, principalmente na UERJ onde eu estudei. Acabei detestando Direito e larguei a faculdade, mas não culpo o Colégio por isso.

 

E você foi fazer o que?

 

MW: De novo eu caí naquela questão de ter diversos interesses, mas acabei resolvendo fazer Economia, porque eu tinha interesse em me tornar um executivo. Curiosamente eu pensei muito em estudar Medicina, mas nunca levei adiante.

 

Qual faculdade de Economia você cursou? Quando você se formou?

 

MW: A UERJ. A faculdade de economia eu já fiz com outros olhos, porque eu queria ser executivo. Me formei meados de 1988.

 

Voltando a época do Andrews, como era a relação de vocês com a Direção do colégio?

 

MW: Diretor do colégio era sempre um tanto quanto aterrorizante e ficávamos meio calados quando ele dava uma bronca. Mas, eu nunca fui de dramatizar muito isso, até porque não era uma coisa tão constante.

 

Você participou do TACA ou dos festivais de música?

 

MW: Só como plateia. No colégio, eu fazia esporte. Apesar de ser todo intelectual, muitas vezes eu saía correndo do colégio para treinar. Eu me lembro bem dos filmes que passavam no CINAN, que era o cinema do Andrews, cuja programação era organizada pelo Grêmio.

 

Qual foi a importância do Colégio Andrews na sua vida?

 

MW: Foi muito determinante na minha formação. O fato de o Colégio não ser voltado demais para a área tecnológica foi muito importante. Eu me tornei uma pessoa com interesses ecumênicos por causa da escola. O Colégio, guardadas as devidas proporções, dava uma razoável dose de liberdade, num Brasil dos anos 70. Isso também foi importante porque é difícil as pessoas mais tarde lidarem com liberdade se elas não tiveram isso na formação delas. Eu era um menino muito retraído e ter estudado a vida toda no mesmo colégio ajudava a minimizar isso. Eu me sentia mais confortável, conhecia as pessoas há muito tempo, já era razoavelmente aceito por todos. Nesse sentido foi muito importante.

 

Você se lembra de algum fato engraçado ou curioso da sua época no colégio?

 

MW: Diversos, se bem que as melhores histórias não foram minhas. Tem a história dos meninos que foram roubar uma prova e levaram tiros do segurança do prédio vizinho. Também no meu ano, mas não na minha turma, oito caras compraram uma ambulância em sociedade. Eles chegaram um dia no colégio no meio da aula com a sirene ligada. Foi uma confusão. A ideia deles era ir até a Patagônia, mas acho que a ambulância nunca chegou a Cabo Frio. Tinha um professor, que não vou dizer o nome, que contava dez mil histórias das boates da Prado Júnior. Aos 14 anos, ficávamos fascinados ouvindo.

 

De uns tempos para cá muitos colégios fecharam, o que você acha que o Andrews tem que está resistindo ao tempo e vai fazer 90 anos em outubro de 2008?

 

MW: Tradição sempre conta. O Andrews tem um grande número de ex-alunos que colocam os filhos no colégio. Eu acho que existiu durante os anos 80 e 90 um crescimento muito grande de uma educação muito objetiva, muito voltada para resultados. Quando isso acontece, você desprivilegia a educação no sentido maior. Talvez por isso colégios que ofereçam essa visão mais ampla da educação, não só o Andrews, tenham sobrevivido bem.

 

Você quer acrescentar mais alguma coisa?

 

MW: Em relação à formação, eu sempre achei ao longo da vida um diferencial. Quando eu olho para trás, vejo que meus colegas do Andrews tiveram destinos muito variados. Tem advogado, músico, ator.  Eu tenho amigos que estudaram em colégios tradicionais e todos são basicamente advogados, médicos, engenheiros. A sensação que tenho é que numa época um pouco adiante do tempo eu já recebia uma educação que favorecia e exercia diferentes formas de curiosidade. Acho importante receber uma educação que dê instrumentos, meios e liberdade interior para escolher se quer ter ou não uma profissão tradicional. Acho que isso é um dos grandes legados que a minha geração teve no Colégio. 

 

Muito obrigada pelo seu depoimento.

 

 

 

 

 


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